Na sala de espera somente nós dois.
Escolho o canto esquerdo junto ao banheiro feminino.
Na parede oposta lê Veja uma mulher.
– Esconde Veja a beleza do rosto.
Pernas cruzadas, bota preta.
Perfeito joelho, notei, a saia é curta e xadrez.
Giro os olhos, cruzo o joelho e a Veja.
– Gata em pele de gente na capa.
Natassja Kinski abaixa a Veja.
Verdizolhos nos verdizolhos de Natassja.
Vertiginosamente constrangedores.
– Nada abala a Srta. Kinski.
Diretos e duros e doces os dois.
Grudadozolhos nos meus e os meus nem se fala nos dela.
Ganha a tensão dimensões de grito abafado.
Deixo o limite e a libido à cavalo.
Vou de texano de esporas sangrentas?
Dou de parisiense desistencialista do amor sem pecado?
Vidiando a tez de Natassja Kinski? Obrigado:
– Divago no claustro doutor em que estamos.
Nele me estanco prostrado entre garras.
No espaço eterno eu e a penumbra, a gata e a Veja.
Na espreita, a pantera. Goza a verdade do drama:
– Nuvem se esgueira por meu pensamento.
Pesavam em Natassja problemas legais?
Eu digo: Sabe a Srta. Kinski ler português?
Ela: I beg your pardon? O advogado:
– Pode entrar Sra. Monteiro.